A Depleção do Ego: uma revisão sobre como aumentar a força de vontade

A Depleção do Ego: uma revisão sobre como aumentar a força de vontade

Você já ouviu falar de Depleção do ego? Não? Então deixa eu contar um pouco de história.

Há muito tempo, o psicólogo americano Roy Baumeister, autor do bestseller “Força de vontade” (em inglês: “Willpower: Rediscovering the Greatest Human Strength”), conduziu um estudo em que concluiu que nosso autocontrole funciona como um músculo e, quando muito utilizado, não conseguimos mais ter energia para fazer atividades importantes.

Em suma, essa teoria explica o motivo pelo qual você chega em casa com um monte de tarefas para fazer, mas senta em frente à TV, escolhe uma boa série e fica por horas ali, comendo um pão de queijo quentinho mesmo que esteja fazendo dieta. Sua energia mental, sua força de vontade, foi gasta durante o dia e, agora, coitado(a), você não consegue mais tomar a decisão de fazer as coisas que tinha planejado e acaba fazendo o que é mais fácil e menos doloroso. A esse processo de perda do autocontrole foi dado o nome de Depleção do Ego.

Contudo, embora tradicionalmente tem-se pensado na força de vontade e autocontrole como recursos finitos, alguns especialistas acreditam que não é bem assim que funciona.

A Dra. Carol Dweck, famosa por outro bestseller, o livro “Mindset: a nova psicologia do sucesso”, publicou um estudo com alguns colegas que propõe que a depleção do ego de fato ocorre. Mas, na verdade, a força de vontade acaba apenas nas pessoas que entendem que ela é um recurso finito. Aqueles que pensam que conseguem “renovar as energias” acabam conseguindo burlar a depleção do ego e fazer o que precisavam, mesmo após um dia cheio.

Outro pesquisador da área de psicologia, o Dr. Michael Inzlicht, tem ainda uma visão complementar e acredita também que o autocontrole não é um recurso finito.

A explicação, segundo ele, é que a força de vontade funciona mais como uma emoção, como a raiva e a alegria. Não existe algo como gastar toda a sua raiva e não conseguir mais ficar nervoso.  E o mesmo ocorreria com a força de vontade. Você é capaz de renovar sua força de vontade com os estímulos corretos, como acontece com a alegria, quando lembra daquela piada que seu colega contou mais cedo, ou da raiva, quando pensa em quem votou na última eleição.

Dessa forma, quando você tem duas tarefas e uma delas parece ser, à primeira vista, muito difícil ou exaustiva (ex.: ficar em forma) e a outra é mais fácil ou traz recompensas e gratificações mais prazerosas no curto prazo, você acaba optando pela mais fácil. Ela tem um estímulo mais forte naquele momento.

Alguns pesquisadores inclusive conseguem prever o comportamento de dependentes químicos ao longo do tratamento de acordo com o que pensam sobre sua força de vontade. Aqueles que se dizem mais seguros de que são fortes contra o vício têm mais chance de concluir o tratamento. Aqueles que pensam que o vício é mais forte que sua força de vontade, acabam deixando a compulsão falar mais forte e voltam a consumir a substância.

E isso é uma questão de grande importância, mesmo para nós, meros mortais que não fazemos parte dos laboratórios de psicologia. Com a difusão da teoria da Depleção do Ego muitas pessoas passaram a acreditar que não tem muito como lutar contra a falta de energia. Que quando bate aquele momento em que você não quer mais fazer nada, já era. Não tem como voltar mais e só após uma boa noite de sono você conseguirá recuperar a sua produtividade.

A verdade é que quanto mais nós nos imaginamos sem força de vontade para realizar as atividades que sabemos que são importantes, menos autocontrole teremos para completar essas tarefas.

É importante saber e acreditar que, mesmo após um dia daqueles, você pode criar as condições necessárias para recuperar sua força de vontade. Dá para ler mais algumas páginas daquele livro, fazer mais 15 minutos de exercícios e trabalhar mais uma hora naquele projeto, se isso for realmente importante para você.

É meus amigos, aquele influencer do instagram que vive postando para acreditar em você mesmo estava certo, afinal.

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